Rio Negro

Opção barata de Hotel de Selva na Amazonia-Review Anaconda Island

A Amazônia não é um destino barato, se hospedar em um tal almejado hotel de selva pode ser ainda pior, pois tudo é de difícil acesso e distante, logo as tarifas não são tão atrativas. Procurando em sites de reservas, você encontra algumas opções mais em conta, mas aí vai o alerta, geralmente passeios e\ ou refeições não são inclusos, o que encarece bem, pois são inevitáveis e com valores um pouco salgados. Ao fim de algumas pesquisas, fui me hospedar no Anaconda Island por se mostrar um bom custo benefício, como de fato, foi. Para um orçamento baixo, é sem dúvidas uma opção que proporciona praticamente tudo que se espera da Amazônia (guardando suas devidas proporções), mas não é pra todo mundo! Pois na verdade, espere por um Hostel de Selva… Mais saiba mais detalhes de tudo como funciona abaixo.

Obtive desconto de agente de viagens e meus pais pagaram o valor normal, R$250 por pessoa por dia com transporte, as refeições e passeios em um quarto triplo com banheiro e ar (tem opções sem ar e com banheiro compartilhado por uma tarifa menor). A reserva foi um processo um pouco complicado, nunca tinha visto isso, mas queriam cobrar por dia literalmente, por exemplo, de 14 a 16 dariam 3 diárias e não 2 como em 100% dos casos que conheço. Se o Anaconda não estivesse atendendo a meus interesses, teria desistido ali, achei um abuso, mas no final concordaram e deu certo!

Nos pegaram na hora combinada e o gentil e educado Eduardo veio nos dando informações ao longo do caminho, inclusive sobre nossa programação de passeios, além de cuidar dos transportes, acho que ele é uma espécie de gerente, foi uma das melhores partes!

O Hotel fica a cerca de 1,5 h de Manaus, é aproximadamente 1h de carro passando pela ponte que nos leva ao município de Iranduba de onde aguardamos uma canoa em uma comunidade que possui um balneário que atrai locais em busca de sua cachoeira na época da seca. A partir daí são mais uns 20minutos de canoa.  Um passeio agradável, assim como a chegada do hotel que fica numa área isolada e bonita. As instalações parecem boas, uma bela piscina, um gazebo com espreguiçadeiras e redes e as casinhas com suas suítes, tudo de frente pro belo cenário que o Rio Negro proporciona.

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As acomodações no entanto são muito simples, colchões fracos, roupa de cama sem cheirinho de amaciante (descobri que não tem máquina, tudo lavado a mão, coitada da lavadeira!), mas ok, porém o banheiro é piorzinho, precisava muito de uma limpeza pesada e manutenção, mas ok, o pior é não oferecerem nem toalha nem sabonete… A água vem direto do rio (como em muitos lugares e não é aquecida, mas de dia ela tem temperatura agradável. Eletricidade é apenas com gerador de 7 as 9 da noite, então sem chances de carregar celulares fora desse horário (complica um pouco devido aos passeios. Assim, contratar um quarto com ar condicionado é no mínimo injusto, já que não poderá usa lo. E aí está a falha dele, não nos avisaram em nada sobre esses detalhes.

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As refeições são simples porém gostosas. O Café é pão e margarina com café e laranja ou manga, o almoço e jantar são arroz, feijão, farinha, uma carne e uma salada. Não há muito o que comprar lá, além de cerveja e refrigerante quentes. Então leve seu próprio suco e biscoitinhos pra tapear. Água potável é sempre disponível para carregar sua garrafa, mas fica no plástico então é quase morna, podiam providenciar um recipiente de barro pelo menos.

Não há serviço. A comida é deixada e você se serve, não há pra quem pedir as coisas (quem sabe uma bebida) e camareira nem pensar! Os guias, acho que é só o Fabio na verdade, é que está sempre por perto, seja coordenando horários de refeições, de passeios e transporte. Não tem o que falar né, é uma pessoa que tem conhecimento sobre o local, a região e que se desdobra pra nos atender. Não procure refino, interpretações profundas ou “causos” espontâneos, mas sem dúvidas é o que mais vale a pena, pois nos levou muito bem a todos passeios planejados. O Hotel em si está um pouco abandonado, tem um belo visual de onde quer que você olhe, ele é todo voltado pra beleza do rio, mas o mato está alto, a área de refeições é bacana mas fica meio abandonada também. Com aquela estrutura poderiam fazer algo muito bacana.

Já os passeios, não tenho muito o que falar, atendem a todas as expectativas, em 3 dias, fizemos:

1º dia:

Pesca de Piranhas: Saída as 15:30 para a pesca de piranhas atividade meio sem graça mas assim o seria de forma geral pra quem não curte pescaria. Ninguém conseguiu pegar nada… Nesse dia o pôr do Sol foi alucinante então valeu a pena!

Pescaria rio negro

Focagem noturna: ao anoitecer, começou a focagem noturna, que é onde percebemos uma habilidade incrível nos guias de identificar uma borboleta, uma cobra, um bicho preguiça ou um jacaré (ainda que, muitas vezes, seja filhote rs), apenas utilizando a claridade de uma lanterna que bate nos olhos do bichinho e o fazem brilhar, incrível, pois muitas vezes eles estão em movimento e identificam aquela luzinha minúscula há muitos metros de distancia e nós custamos a ver mesmo quando apontado e de perto… Não crie expectativas, geralmente não se vê muito os animais grande, jacaré, só os filhotes (ao menos foi assim tanto em Novo Airão quanto no Anaconda, talvez por ser o Rio Negro)

Focagem noturna

2º dia:

Visita à Comunidade Cachoeira do Castanho: saída as 9h e retorno as 12h, são 20 minutos de canoa, depois uma caminhada de 2km pra ir e 2km pra voltar pra canoa, passa se por uma trilha e visita a casa do ribeirinhos, dentre elas, a do guia, visitamos as plantações, construções de palafitas, etc. O interessante foi ver como as casas são construídas sob pilares alto, algumas são flutuantes e outras (principalmente os bares) simplesmente ficam submersos na cheia e quando volta a descer, eles a repintam e vira um balneário.

Noite na selva: momento mais esperado! Saímos de canoa por uns 25min até a Praia do Buda, linda! Onde funciona um bar sob as palafitas que atrai manauaras aos finais de semana, naquele momento estava deserta, prosseguimos por uma trilha de uns 40 minutos por dentro da mata já chegando com a luz baixa num ponto alto onde o acampamento seria montado. O guia carregou tudo que precisaríamos consigo ao longo da trilha e lá começou a montar nossa rede e mosqueteiro e enquanto nos situávamos, ele começou a preparar o jantar na fogueira que ascendeu, enquanto o frango assava e o arroz ficava pronto, ele foi preparar nossas colheres feitas de madeira e prato moldado com folhas, foi genial! O frango ficou maravilhoso! Melhor que um churrasco comum!

Nos preparamos pra dormir logo pois estava apenas eu, minha mãe e o guia, se fosse um grupinho esse momento seria oportuno para causos e viola em torna da fogueira. Havia um medinho natural, mas foi tranquilo, principalmente quando descobri que os passos que estava ouvindo no meio da noite próximo à minha rede era de um tatu e as frutas caindo do alto era uma macaco próximo a nós. Assustador é o grito do Bugio, pode ser arrepiante pra quem não conhece, eles são muitos e parecem ferozmente estar defendendo seu território então o ronco soa assustador, mas como eu conhecia foi tranquilo… Pode se dizer que a noite na rede foi confortavelmente marcada pelo ronco dos bugios, os passos dos tatu, o zunido dos (muitos!!) pernilongos e o grito das pererecas. É sem dúvidas uma experiência completa!

No dia seguinte, antes da 6AM o dia começa a amanhaecer e novos sons veem a tona, pássaros e grilos comandam a manhã, começamos então com a retirada das redes, lixos, etc, tomamos um pequeno café (ovo cozido, bolacha água e sal e margarina). Aí entra o refino, se fosse um hotel mais “interessante, com conceito” serviria macaxeira ou frutas locais em vez dos industrializados pra compor melhor o momento… Mas fora coisinhas assim, os passeios não ficam a desejar… É possível fazer uma trilha de umas 2 h or dentro da mata antes de pegar a canoa para conhecer mais plantas locais, acabamos fazendo a de 40 minutos mesmo de volta a Praia do Buda. Essa sem dúvida foi uma das parte mais legais, conhecemos o pequeno Buda, um garotinho lindo e esperto de 5 anos cujo os pais, donos da área e do bar que fica na praia deram esse nome e acabou sendo assim conhecida a Praia, ele é demais! Imagine! Me levou pra dar uma volta de canoa, só eu e ele, (ele remando e eu fotografando rs) pra gente poder recolher a rede que ele tinha jogado pra pegar peixe, e acreditem que deu certo?! Lugar ótimo pra se banhar! Se for na Lua cheia, procure passar uma noite lá!

3º dia

Nesse dia estava inclusa a canoagem pelos Igarapés na parte da tarde, mas por mais R$50,00 incrementamos com uma visita á Tribo dos Tatuio, existem 3 naquela região que se abrem ao turismo, o nosso guia nos explicou que prefere trabalhar com essa que tem mais paciência, são menos comerciais e de fato, foi muito especial!

Tribo indígena: Já fui com a cabeça feita pra encarar encenações, como de fato, não deixam de ser, mas eles nos explicam como tudo funciona na realidade e que aquilo seria uma demonstração no período de seus rituais, mostram sua comida sendo defumada pra conservar, ode nos convidam a provar sua tapioca, a pipoca dos índios (formigas), paca, rãs e peixes… Havia também mulheres já no processo final de fazer a farinha pra Tapioca (então não era de tudo fake), alguns animais, sua vestimenta típica, danças e costumes, aprendemos sobre sua cultura e participamos um pouco da dança…Fotos são bem vindas, eles são sempre muito simpáticos e apesar da timidez, a nudez não parece os incomodar. No final acabamos comprando uma coisinha ou outra pra ajudar, embora nem isso nem os R$50 (por grupo!) pague as pessoas que pararam dias pra nos receber e se apresentar, no final, o chefe da tribo- Pinon, ainda me deu uma flautinha e uma pulseira de presente ;-)

 

É possível visita los mesmo estando hospedado em outro local, basta chegar até a comunidade de Cachoeira do Castanho em Iranduba e de lá conseguir que uma canoa o leve até eles (tem o contato abaixo), ou então no balneário tem uma placa eu indica: Procurar o João Marcos para passeio até os botos ou a tribo (embora não tenha contato, lá é pequeno e não será difícil)

Visitação Boto

 

Nesse mesmo dia, era possível também fazer pelo Hotel a visitação aos Botos onde entra se na água com eles, que vivem soltos mas estão acostumados a visitar a plataforma, era R$30 por pessoa. Já havia feito antes e vale a pena, é bem legal mas dá um medinho, logo que entrei na agua passei meu pé sobre um gelado e escorregadio, depois que ele sai da água pra fisgar o peixe, descobri que era enorme! Quase um leão marinho rs

Boto

Canoagem: me surpreendeu, queria até pular essa atração pois já estava monótono andar de canoa de um lado pro outro, mas essa foi especial. O guia desliga a cano e se embrenha pelo Igarapé (caminhos estreitos onde só as canoas passam) e como estava na época de encher o rio mas não completamente, alguns Igarapós que são as florestas alagadas, começaram a surgir e pela 1ª vez nesse ano, o guia resolveu passar por ali com a gente e essa foi a parte interessante, entrar em lugares desafiantes, em alguns momentos ficamos completamente presos sem ter como virar a canoa pra tras mas sem caminho pela frente pois tinha copa de árvore densa impedindo, por sorte ele tinha um facão! É um lugar sombrio, escuro e instigante! Fizemos silencio por mais de hora a fim de apreciar e observar espécies que por ali passavam, parece um pântano! E a beleza de chegar ao rio aberto novamente compensa!!

No dia seguinte partimos as 7AM de volta para Manaus. Recomendo pois foi uma experiência maravilhosa e compensa muito pelo preço, só é preciso entender o que te espera! ;-)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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