Dubai
Crônicas

Dubai e seus superlativos pelos olhos de uma brasileira

Dubai é um dos sete emirados que compõe os Emirados Árabes Unidos. A ideia que eu tinha era de um país árabe, cosmopolita, que esbanjava riqueza e onde tudo deveria ser caríssimo. Bem, algumas dessas premissas se confirmaram. Mas me impressionei ainda mais com o quanto esbanjam e como tudo é meio fake, artificial e enorme. Mas me impressionei também com o quanto Dubai é um centro de negócios, cosmopolita e SUPER atraente por suas mil façanhas.

Críticas à parte em relação à Monarquia ou como tratam seus recursos e a parcela de imigrantes que vive do sub-emprego, o fato é que a cidade que sonhava em conhecer me impressionou muito positivamente. Saí de Dubai com a certeza que ainda moraria lá um dia. Sabe aquela ideia de conquistar o “Sonho Americano”? Senti isso por lá. A sensação de que as pessoas empreendem e obtêm sucesso em Dubai. Pelo menos, essa é a ideia que fica. Ideia essa que foi desmitificada em parte quando descobri que a cidade não só foi construída pelos seus 80% de população imigrante, como também gira em torno deles. No entanto, somente 20% dentre esses imigrantes têm direitos como cidadãos. Isso por que a cidadania (com seus benefícios) só é concedida às mulheres que se casam com um emirado.

Mas minha primeira impressão de Dubai já me despertou um sorriso. Logo no aeroporto – lindo e moderno! – haviam diversas taxistas, mulçumanas, com cabelo devidamente coberto e lindamente vestidas de rosa. Fiquei muito feliz em ver essa forma de mundo árabe que não é a que nos é apresentada normalmente. Esses taxis tem o teto cor-de-rosa e são exclusivos para mulheres e famílias. Ele exigem respeito à sua cultura, mas são bem abertos se comparado a seus vizinhos.

A ARQUITETURA DE DUBAI

Um show à parte em Dubai é a arquitetura. Suas suntuosas construções que desafiam as leis da física, a grandiosidade de seus projetos, o detalhe em toda forma urbana – dos canteiros à estrutura de transporte público -, é tudo muito impressionante! Lá é, sem dúvidas, uma terra de contrastes. Felizmente não presenciei pobreza. Pelo contrário, vi condições de vida aparentemente muito boas. É claro que não deu pra ir a fundo, mas até o ponto de ônibus tem ar condicionado! As leis são levadas a sério e as taxas de criminalidade baixíssimas. Mas, no que tange às obras do homem, eles colocam o mar em cima do deserto e pistas de ski na aridez do solo africano!

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Apesar da fama, a cidade não vive de seu petróleo, que representa irrisória porcentagem do seu PIB. Vive sim do turismo, do comércio e dos empreendimentos imobiliários. Apesar de ser regida por uma monarquia, a sociedade não vive em conflitos eminentes, o que não faz com que a gente se sinta acuado de alguma forma por conflitos latentes. Mais uma vez, são apenas impressões de quem visitou o país por alguns dias. Afinal, muitas controvérsias relacionadas a direitos humanos ocorrem por lá, mesmo que isso não fique evidente durante uma rápida visita.

Talvez o maior e mais famoso empreendimento imobiliário de Dubai seja a construção de parte da própria cidade: em formato de uma palmeira que flutua sobre as águas desviadas do Golfo Pérsico. Mas além disso, a cidade possui diversos títulos e obras faraônicas. Elas foram incialmente patrocinadas pelo mercado petroleiro e agora pelas especulações imobiliárias que acreditam na valorização, principalmente via turismo. Eles de fato são fieis aos seus sonhos. São grandiosos porque querem ser grandes.

O que me surpreendeu também ao final foi o custo de vida, que é muito similar ou ainda inferior ao do Brasil. Ainda que amem os superlativos e construam a qualquer custo o maior evento do mundo, a melhor cidade, o maior porto e etc, não me pareceu a cidade caríssima apenas pautada no alto luxo como pensava. Sua moeda não é tão valorizada e, talvez devido a falta de impostos, tudo é muito mais acessível, desde as atrações turísticas ao comércio local.

Em geral, fiquei impressionada pelas façanhas desse Emirado que sonha tão alto e corre atrás para mostrar a que veio. Para os turistas é uma sorte poder contar com um aparato tão completo de atrações e opções. Sobre sua cultura que, em um primeiro olhar pode ser vista como inexistente, já que não tem muita originalidade, eu diria que na verdade tem sim. É uma nova cultura que está se criando, onde vangloriam os superlativos, o que o dinheiro compra e o que o homem faz. É um local novo e não vejo problema em ir pra lá e não ver árabes como se costuma ver em outros lugares. Eles tem seu próprio movimento e se assumem como tal. Dubai é um polo mundial que faz de tudo para ser atrativo. E é o que a cidade vêm fazendo. Mas se você perguntasse “e a alma de Dubai”? Essa vai se construindo com o tempo…

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