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Dicas

Amazônia: Tudo que você precisa saber antes de ir

Amazonas estado, Floresta Amazônica, Amazônia brasileira, peruana? Exitem muitas implicações sobre esse pulmão do mundo e muitas formas de o explorar. Nesse artigo, procuramos elucidar essas dúvidas para te ajudar a fazer suas escolhas quando for visitar essa região. Para as dicas aqui presentes, nos focamos mais na região de Manaus, que é a mais procurada, mas lembrando que é possível conhecer várias Amazônias no Brasil e no exterior.

 

Entenda a Amazônia

A Amazônia engloba os estados do Amazonas, mas também do Pará e Mato Grosso. Dentro dela caberiam 20 cidades de São Paulo, 30 Costa Ricas ou toda a Europa Ocidental. Com seus grandes rios como o Negro, Solimões, Tapajós e Madeira, possui a maior reserva de água doce do planeta. Só o Rio Negro, sobe 11 metros na época das cheias, o que é bastante já que ele tem quilômetros de largura. O Rio Amazonas por sua vez possui quase 7.000 km de comprimento.

Existem cerca de 66 etnias no território amazônico. Dessas, 20 ainda não foram contactadas pelo homem branco. Amazonas é também o nome de estados na Colômbia, Peru, Bolívia e Equador, já que esse famoso pulmão do mundo se estende também por outros 8 países, somando Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.

O estado do Amazonas do Brasil ocupa 18% do território nacional, com apenas 67 municípios, sendo apenas 15 acessíveis por terra. Sua principal porta de entrada é via Manaus, mas há também alguns hotéis de selva com projetos comunitários que precisariam de 54h pra se chegar de barco. Então, em alguns casos, se utiliza também um hidroavião, além dos barcos e canoas, principal meio de transporte da região.

O ecoturismo é explorado geralmente em torno de visitas a comunidades locais, tribos indígenas, projetos sócioambientais, focagens noturna, canoagem por igarapés, mergulho com botos e suas belas praias – sim, praias no interior do país, e belíssimas por sinal! Saiba mais sobre os passeios no post Amazônia pela 1ª vez: 8 atrações imperdíveis em plena selva.

Além disso, Manaus foi eleita pela FIFA com o povo mais hospitaleiro dentre as cidades sede da Copa, o que eu concordo e acrescento sua boa vontade em ajudar e o sorriso fácil.

 

Rio Negro- Amazônia

Rio Negro e seu espelho d’agua- Amazônia

 

 

Qual a melhor época para visitar a Amazônia?

Existem duas estações, a seca que vai de Junho a Dezembro e a cheia que começa em Dezembro e vai até meados de Junho. Ou seja, uma estação quente (especialmente setembro!) e sem chuvas e outra conhecida como friagem (embora faça seus trinta e poucos graus), com chuvas que vão caindo e enchendo os rios em vários centímetros por dia. Dessa forma, a paisagem e o contexto social se transformam completamente nesses períodos. Pessoas mudam de emprego e modo de vida, animais fazem sua migração e alteram hábitos, as praias lindas que vimos na seca são encobertas pela água dando espaço aos igarapós, que são as florestas alagadas. Há relatos de que a variação do rio se dê em média 11m entre a seca e a cheia. Em 2012, a maior da história, foram 17m. É inacreditável, árvores enormes ficam encobertas, cachoeiras, casas, praias e ilhas desaparecem no leito do rio.

Podemos destacar os meses de Fevereiro a Maio, com maior precipitação, quando os animais ficam mais ativos após a chuva tropical. De Junho a Setembro, quando é seca, porém as águas ainda estão altas, permitindo se chegar na copa das árvores e andar através delas (mas os animais estão em fase de reprodução de dissipados na imensidão da Amazônia). Enquanto nos meses de Outubro e Novembro, o ponto alto são as praias, visto que é uma estação seca e de águas baixas, portanto, não só praias ficam visíveis, como cachoeiras também, facilitando assim, a visualização de animais. Já de Dezembro a Fevereiro, as águas começam a subir e o clima se aquece.

Então a época escolhida por você depende um pouco do que você procura, lembrando que a cada ano as condições estão ficando mais imprevisíveis e que há meses intermediários, quando dá pra ver um pouco de cada coisa. Fui em Março e a cheia estava atrasada, como dizem os locais, então consegui ver muitas praias e as vilas com suas palafitas ainda aparentes. Mas tive a sorte de já conseguir ver uma floresta alagada, ainda que não totalmente. Ou seja, apesar de não ser a alta temporada, melhor, seria impossível! O clima estava ameno e peguei pouca chuva, mas foi logo em Alter do Chão, o caribe Brasileiro que tanto queria ver.

 

 

Entenda o Encontro das águas

Mais que a descrição de um passeio famoso na Amazônia, o fenômeno é interessante de ser compreendido, pois cada rio tem algo a se esperar dele e isso pode ser determinante na sua decisão sobre o que fazer ou onde se hospedar.

O rio Negro é também conhecido como rio da morte, não por suas águas que são bem calmas, mas pelo pH alto. Isso ocorre devido à grande quantidade de folhas que caem e começam a fermentar e formam um chá gigante, o que favorece que o pigmento das folhas se sedimente, culminando na coloração escura da água. Não se enxerga 1cm abaixo da superfície, o que forma um espelho d’agua lindíssimo. O rio corre lentamente, a 1,5km por hora e também devido à fermentação atinge cerca de 32ºC – é bem morninha a água, uma delícia! Por tais características, poucos peixes sobrevivem nessas águas, logo, menos jacarés vão ali habitar, assim como pássaros e macacos, sendo um rio mais escasso de vida animal, por isso seu apelido. Embora, na prática, eu descorde disso tudo, pois vi todos esses animais por lá, ainda que não em uma oferta a la Pantanal, obviamente. Mas a vantagem de tudo isso é que também não há mosquitos em sua extensão. É do rio Negro que saem os principais passeios provenientes de Manaus, já que suas águas são belas, calmas e mornas e formam os belos espelhos d’agua. Além disso, nele hé o arquipélago de Anavilhanas. 

Já o rio Solimões é veloz, forte e barrento, tem o pH mais baixo e cerca de 10ºC a menos. Ele é avassalador, em épocas de cheia causa erosões nas encostas das ilhas e muitas vezes acoberta umas e descobre outras antes nunca vistas, redesenhando o mapa fluvial a cada estação.  Em compensação tem mais espécies animais que o habita, sendo uma importante fonte de alimentos para toda a Amazônia. Além, é claro, de propiciar o transporte, comércio, pesquisas científicas e lazer.  Ao se encontrar com o rio Negro, ele recebe o nome de Amazonas.

Com características tão diferentes, culmina no que chamamos de Encontro das Águas, porque elas se encontram como acontece com tantos outros rios, porém não se misturam, seguem correndo juntas por 11km até que formam o rio Amazonas.

 

Encontro das águas- Amazônia

Encontro das águas- Manaus

 

O que levar na mala

Depende um pouco de sua programação, mas além do óbvio, que são as roupas de caminhada, de banho, óculos, boné, protetor e etc., preparamos uma listinha para você não se esquecer de nada.

  • Roupas leves e de cores neutras para caminhadas, de preferência que sequem rápido;
  • Capa de chuva. Esqueça a sombrinha, se chover mesmo ela de nada adiantará. A capa é imprescindível!
  • Cantil de água. É muito quente e úmido, então esteja sempre se hidratando;
  • Mochilinha ou similar para sair pros passeios com seu protetor, água, dinheiro e etc;
  • Dinheiro em espécie. Muito lugares não aceitam outra opção (tribos que vendem artesanatos, hotéis isolados, etc);
  • Lanterna, muito útil para focagem noturna. Uma lanterna de cabeça também pode ser útil para noite na selva;
  • Repelente (normal em tempos de Zika, mas ao contrário do que parece, a maior parte dos passeios não tem tanto mosquito, especialmente no rio Negro. Mas em partes altas ou próximo a outros rios, não o esqueça jamais!
  • Incenso ou vela de citronela para o caso de dormir na selva ter uma ajuda a mais;
  • Mosqueteiro também para noites na selva, mas dependendo do hotel se não tiver ar, pode ser útil também! Isso geralmente o hotel tem, mas procure saber!
  • Lenço (ou boné e chapéu) para as mulheres colocarem nos cabelos, pois como quase tudo é feito de barco, desembaraçar isso depois e com aquela umidade não será fácil!
  • Como tudo é longe e você estará suscetível a muitas novidades, seja precavido e tenha uma farmacinha. Como a alimentação muda um pouco e os locais tomam com tranquilidade a água dos rios (logo podemos tomar um suco ou algo assim com a mesma origem), pode dar algum probleminha. Então tenha consigo um “stop diarreia” como Floratil ou Diasec, veja com seu médico o que é melhor para você. Outra coisa é que pode dar reação alérgica a algum ingrediente, então algo tipo Polaramine (ou outro que tenha costume) é útil também. Além disso, um Rehidrate ou similar pro caso do negócio desandar e você chegar a desidratação. Pode também ter algo pra dor e ferimentos.
  • É simpático ter algum agrado pras crianças por onde visitar.

 

Antes, enriqueça seu vocabulário

A Amazônia oferece uma biodiversidade incrível e que é coroada pelas etnias que ali habitam. Juntando tudo isso ao isolamento provocado pelo difícil acesso, fez florescer uma gama linguística e cultural muito rica e curiosa. Existem dicionários bem completos, mas aqui me limitei às expressões que mais ouvi ao longo das prosas com os locais:

Igarapé: caminho de canoa;

Igarapó: floresta alagada;

Ramal: estrada de terra;

Furo: atalho;

Banceiro: quando a água começa a espumar, aí é sinal de temporal à vista e fica muito perigoso navegar;

Malha: rede de pesca;

Bala: bombom de chocolate;

Afolosado: o que tá frouxo, largo;

A perigo: Sem dinheiro;

Bombom: bala, sim essas de menta, hortelã, etc;

 

Comidas típicas

Tambaqui: peixe que será comum servirem a costela dele;

Pirarucu: Peixe famoso e muito comumente servido;

Frutas: graviola, cupuaçu, tucumã (tipo coquinho, usam suas lascas para comer puro, rechear a tapioca, eu achei com gosto meio de abóbora, o suco é puxado pra maga, é bom!);

Tucupi: caldo da mandioca amarela fervido que usam para fazer tacacá, molha pro pato, etc;

Jambu: folha que lembra a aparência do espinafre e tem efeito anestesiante, usam em diversas receitas ou até na cachaça;

Tacacá: espécie de sopa vendida em todo lugar, servida em cuias feita do tucupi com camarão de água doce e folhas de jambu;

Piracui: farinha feita de peixe;

 

 

Onde se hospedar: Hotel de selva ou cruzeiro?

Você pode explorar a Amazônia Peruana, Equatoriana, Mato-grossense, Paraense, etc., mas considerando que geralmente em uma primeira visita o estado do Amazonas brasileiro é o ponto de partida, selecionamos algumas opções.

O Hotel de Selva é geralmente um hotel fora da cidade, que oferece a experiência de estar próximo à selva ou dentro dela. Seu forte são os passeios e em alguns casos a proximidade com a natureza em sua forma mais genuína. Porém existe uma ampla variação entre eles e aí a escolha dependerá do que você está procurando de acordo com o tipo de experiência, tempo e orçamentos disponíveis. Para exemplificar, citarei 4 hotéis com diferentes perfis:

Amazon EcoPark: dentre as citadas, é a opção mais próxima de Manaus. A Mayara foi e nos relatou sua experiência no post Amazônia pela 1ª vez: 8 atrações imperdíveis em plena selva. É uma opção pra quem quer ter experiência de selva com conforto, mas possui pouco tempo e não quer perdê-lo indo pra longe, já que estar por ali já será o suficiente para ter acesso a excelentes passeios.

Amazon Jungle Logde

 

Anaconda Amazon Island: se não tivesse a denominação de hotel de selva, diria que era um hostel. Quase zero de serviço, sem água quente, mas com uma localização exclusiva, a 1h30 de Manaus, distante a 20min de barco de uma comunidade de onde vem os funcionários. Essa seria a opção mais barata possível de se hospedar literalmente na selva. O pacote inclui, inclusive, uma noite na selva, comida simples, acomodações de simples a ruins, mas passeios excelentes, de modo que sai a cerca de R$250 por dia por pessoa com refeições e passeios. Ou seja, é uma opção a se considerar.

Anaconda Island Amazon

 

Anavilhanas Jungle Lodge: fica em Novo Airão, a 3h30 de Manaus, no Arquipélago de Anavilhanas, o segundo maior arquipélago fluvial do mundo. É linda a região, especialmente se puder chegar de hidroavião, sobrevoando as belezas formadas pelas ilhas no rio Negro. É um lodge de luxo, embora não gostem de se titular assim. São valores em torno de R$2000 por pessoa para 2 diárias onde o serviço é excelente, guias locais incríveis e experiências acompanhadas de muito serviço, belíssimas acomodações que buscam te deixar o mais próximo da natureza (são feitas de madeira e quase dentro da mata).

Anavilhanas Jungle Lodge

Anavilhanas Jungle Lodge

 

Pousada Uacari: É mais que um hotel, é um projeto da comunidade local que se uniu em uma associação para cuidarem da pousada que fica na Reserva de Mamirauá. Trata-se de uma experiência realmente autêntica, pois de fato, se hospedar ali é fazer parte da Amazônia e deixar seu legado! Fica no meio do nada, a 600km de Manaus, em Tefe. Além do projeto ser lindo, se localiza na maior floresta alagada do mundo, em uma área de várzea, que oferece diversas possibilidades.  Com uma estrutura toda sustentável, a energia é apenas solar, não há eletricidade e o acesso se dá via lancha rápida em 12 horas, leta em 2 dias ou avião em pouco mais de 1h.

Uacari Lodge

Uacari Lodge

Em geral os hotéis de selva te proporcionarão passeios parecidos, o que muda é a forma com que o fazem (mais ou menos qualidade dos guias, interpretações, acomodações e etc).

Já os cruzeiros têm a vantagens e desvantagens já conhecidos: ganha-se tempo enquanto dorme e abrange uma área maior, porém tem espaço restrito e especialmente os que correm o Amazonas são menores, com cabines mais simples do que teriam o Costa ou Royal Caribbean, por exemplo. O mesmo não vale para o Iberostar Gran Amazon que tem cabines excelentes, mas não tem aquelas atrações internas de um grande transatlântico. A ideia é ter o dia e as vezes noites preenchidos com visitação às atrações, que vão desde focagem noturna, mergulho com os botos, visita á comunidade indígena, etc.  O Iberostar é uma opção mais top, mas existem outros barcos mais simples que percorrem trechos do rio Negro ou do Solimões.

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Qual é melhor? Claro que depende, se tem algum interesse especial e quantos dias e orçamento tem para gastar, aí você escolhe o qual melhor se enquadra.

Caso ainda fique com dúvidas, fale com a gente!

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