Qualquer dado relativo à Amazônia já impressiona antes mesmo de se desembarcar por lá. Ela é o maior bioma terrestre do planeta, cuja área avança por nove países da América Latina: Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa e Suriname. São 5.500.000km² cobertos por floresta tropical, o que representa mais da metade das florestas desse tipo remanescentes na Terra. Além disso, a Amazônia também abriga a maior biodiversidade mundial em uma floresta tropical, o rio mais longo do mundo e é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos humanos primitivos, mantendo seus próprios costumes, linguagens e culturas inalterados por milhares de anos.

Constantemente ameaçada pelo desmatamento, a Amazônia vê no turismo uma alternativa de desenvolvimento sustentável. Se bem planejado, ele é capaz de minimizar os impactos ambientais e de gerar emprego e renda.

Os principais meios de hospedagem na Amazônia são os hotéis de selva e os cruzeiros. Ambos têm uma programação de atividades diária, que costumam incluir focagem (passeio de observação) de jacaré, caminhada pela mata, visita a uma comunidade indígena, pesca de piranha, ida ao encontro das águas e passeio para ver o boto cor-de-rosa. São sobre essas atrações que eu falo para vocês aqui.

Eu confesso que a Amazônia não estava no topo da minha lista de lugares a conhecer, mas na do meu namorado sim. Então arrumamos nossas malas e lá fomos nós em julho. Dizem que é inverno, mas foi quando senti mais calor em toda a minha vida! O clima da região é dividido em duas estações: a mais chuvosa, que é de dezembro a maio, e a mais seca, que vai de julho a novembro. É indicado ir nas duas estações, mas na seca o mergulho no rio é bem melhor porque as praias fluviais somem na época da chuva.

Primeiro ficamos três noites no Tropical Hotel em Manaus, que eu super recomendo, e depois seguimos para o Amazon Eco Park. Seguimos de van do Tropical até a marina de Manaus, onde pegamos um barquinho com destino à Amazônia. Aí você já começa a entrar no clima da natureza, porque não tem nada ao seu redor a não ser o rio. A recepção no Eco Park não poderia ter sido melhor, ganhamos um drink amazônico, fomos informados dos passeios que tínhamos inclusos na diária do hotel e logo seguimos para o nosso chalé. É isso mesmo, a diária do hotel já te dava o direito de fazer alguns passeios, como ​caminhada ecológica, Floresta dos Macacos, visita à Casa do Caboclo, pescaria, focagem noturna e o famoso passeio do encontro das águas do rio Negro com o rio Solimões. Aqui vão algumas informações sobre cada passeio para vocês.​

1. CAMINHADA ECOLÓGICA

Esse passeio dura de 1h a 3h, depende do pique e do perfil do grupo, mas é bem tranquilo e muito interessante. Por questões de segurança, ele é feito logo após o café da manhã e sempre temos a companhia de um guia super experiente. Explorando a selva através de trilhas, nós vamos conhecendo as plantas nativas e aprendendo sobre como e aonde obter frutas comestíveis e água potável, como localizar-se entre as árvores e arbustros, como conseguir repelente natural através das formiguinhas e quais são as 1001 utilidades das árvores gigantescas. Aprendemos também a atirar com arco e flecha e muitas outras coisas que só estando dentro da selva amazônica e acompanhado de um nativo poderíamos saber.

 

 

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2. FLORESTA DOS MACACOS

Adorei esse passeio! Tenho paixão por macacos e indo a esta floresta pude vê-los bem de perto e até tive um contato amigável com o macaquinho-da-cara-vermelha. A Floresta dos Macacos tem um cunho ambiental muito bacana. Ela é na verdade um centro de reabilitação e reintrodução de animais silvestres, com o intuito de receber animais confiscados do comércio ilegal. Lá os animais são inicialmente colocados em quarentena para serem avaliados e tratados por veterinários e biólogos. Esses profissionais fazem a alimentação dos bichos duas vezes ao dia (10h30 e 15h30), quando o local é aberto à visitação e nós turistas podemos ajudar a alimentá-los. Uma dica importante: ao oferecer a comida para o macaco, não sorria. Se você esbanja um sorriso no rosto, o bichinho não sente confiança em você, aí ele não desce para comer o alimento que você está segurando na maior ansiedade. Portanto, cara fechada nesse momento.

Duração: 1 hora aproximadamente.

 

 

 

3. CASA DO CABOCLO

Como todos os outros passeios, você sai da frente do hotel de canoa ou de barco motorizado até a Casa do Caboclo. Nesse local você aprende sobre os costumes dos habitantes ribeirinhos, que são chamados de “caboclos” (miscigenação entre branco e índios amazônicos). Lá você também ouve histórias sobre a população da Amazônia, o ciclo da borracha e recebe informações sobre a produção da farinha de mandioca – e pode degustar também, é uma delícia! Se tivesse uma lojinha vendendo a farinha ia ser um sucesso!

Duração: 1hora aproximadamente

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4. PESCARIA

Esse passeio foi uma tentativa em vão de mais da metade do barco de pescar piranhas. Foi um fracasso, apenas duas pessoas conseguiram. É um passeio com esse objetivo mesmo: uma pescaria amadora, com simples varinhas, linhas e anzóis comuns, mas sempre auxiliada por um guia local. Mas rende boas risadas!

Duração: 1hora aproximadamente.

 

5. FOCAGEM NOTURNA

Aventura na selva! O grupo sai de canoa no completo escuro, ouvindo os sons noturnos da floresta amazônica inteira e sabendo que vai encontrar alguns jacarés. É de dar um leve frio na barriga. Esse passeio tem como objetivo a focagem de jacarés e de outros animais noturnos. Uma vez que o animal esteja paralisado pela luz forte da lanterna do guia, os olhos dele brilham como pequenas luzes vermelhas, permitindo assim localizá-lo. O guia então tentará pegar cuidadosamente o jacaré com suas próprias mãos e trazê-lo a bordo para explicar aos clientes sobre este réptil. Em seguida, o pequeno animal é devolvido com cautela ao rio.

Duração: 1 hora aproximadamente.

 

6. ENCONTRO DAS ÁGUAS

Esse passeio dura o dia todo, a saída é na parte da manhã, às 08h30, e o retorno no final da tarde. Normalmente, os passageiros vão em um daqueles barcos regionais de dois andares, mas existe a opção de pagar à parte para ir em uma lancha rápida. Recomendo essa última forma de transporte, pois no barco normal às vezes o tempo custa a passar e a viagem torna-se bastante longa. Fiz a ida de barco e a volta de lancha. Na ida do passeio você vai avistando a cidade de Manaus e os seus pontos turísticos: a cúpula do Teatro Amazonas, o porto, a alfândega e os aspectos interessantes da vida local, incluindo as casas sobre palafitas. É bem bacana! E por volta de 11h você chega no encontro das águas. É fantástico como a natureza tem um poder tão grande sobre as coisas. Lá as águas escuras do Rio Negro encontram-se com as águas marrons do Rio Solimões. A partir deste ponto ambos os rios formam o famoso Rio Amazonas que segue até o Oceano Atlântico. As águas dos dois rios correm juntas por aproximadamente 12kms, lado a lado, sem misturar-se. Este fenômeno ocorre devido a diferença de temperaturas, densidade e velocidade destes rios.

Duração aproximada: 8horas a 8h30.

 

7. ÍNDIOS DA AMAZÔNIA

Os índios que vivem nessa comunidade (não é considerada uma tribo, pois todos que moram lá pertencem a várias etnias e não a uma só) são acostumados com a presença dos turistas diariamente, portanto preparam um show para os visitantes. Você é direcionado para a oca. onde presencia um grande show de dança e de música. Além disso tudo, você ainda é convidado a interagir. Isso mesmo, você vai lá na frente junto com todos os outros turistas e faz a dança da chuva com a cara pintada. Super divertido!

Duração: 3 horas aproximadamente (1 hora de navegação para se chegar ao local, 1 hora com os índios e 1 outra de retorno ao hotel).

8. PASSEIO AO IGARAPÉ

Nesse passeio você vai de barco para o local onde tem as famosas vitória régias, conhece o bicho preguiça, uma cobra e um jacaré. Suuuper tranquilo! Rs

Como falei acima, esses passeios estão todos inclusos nas diárias, mas além deles, o hotel possui outros tantos passeios que você pode pagar à parte e que merecem ser feitos também. Alguns outros exemplos são o nado com boto rosa e o passeio ao amanhecer.

No mais, o que você deve saber sobre a experiência de visitar a Amazônia é que você fica no meio do nada mesmo. Não tem televisão, mas em compensação tem os sons dos bichos durante a noite. Não tem internet, mas tem o barco a remo disponível na frente do hotel. Não tem opções de restaurantes, mas tem a comida manauara à sua disposição e no próprio hotel.

E que comida, viu?! Uma das melhores que já comi na vida! Tem os mais variados tipos de peixes, tem pirarucu que é o famoso bacalhau da Amazônia, tem o tucunaré, tem o tambaqui, tem carne de jacaré – delícia -, tem farofa de tartaruga e tem o famoso prato de nome tacacá que é um caldo feito de molho de mandioca brava (tucupi) e goma de tapioca. Nele é colocado folha de jambu, para anestesiar a boca, e no final os camarões. Eu não gostei muito, mas é um prato super famoso na região. Além de tudo isso, ainda tem chips de banana, açaí, cupuaçu, guaraná, farofa, a famosa tapioca e as diversas balas e sorvetes com frutas locais. E você ainda pode ser agraciado com a visita dessa beleza de arara na árvore ao lado da sua mesa, como eu fui.

É uma viagem pra quem gosta de bichos, plantas e pra quem tem o perfil. E, pelo o que vi, muito comum para estrangeiros e pouco conhecida pelos brasileiros.

E aí gostou dos passeios que fiz? Deixa um comentário pra gente dizendo o que achou. Um beijo